Os
dois caminham pelo parque a noite, uma linda noite com uma grande lua cheia. O
parque, apesar de ter bastante arvores é bem iluminado a noite, destino
favorito de casais a procura de um passeio tranquilo. É verão, o vento sopra
leve, em lufadas de ar que convidativas.
Mathew
está com as mãos suadas, é a primeira vez que consegue convencer Helena a
caminhar com ele pelo parque a noite. Ela tem medo, mas fica linda a noite com
a luz do luar. Completamente apaixonados um pelo outro, não havia melhor hora e
lugar para estarem agora.
-
Você sabia que este parque é mal-assombrado? – Pergunta Mathew com os olhos
esbugalhados para Helena.
-
Não existe esse tipo de coisa seu bobão! Mas bem que seria legal se existissem
fantaaaasmas. – Diz Helena em tom jocoso.
-
É verdade, minha tia já viu! Tem uma história muito antiga sobre um fantasma do
velho Conde que o pessoal costuma ouvir por entre as arvores. Dizem que ele é
muito feio e zangado, mas inofensivo. – Diz Mathew com uma certeza tão grande
que até ele mesmo parece acreditar nessa história.
-
Se existissem fantasmas a gente saberia. Qualquer um anda com celular na mão
hoje em dia, como é que nunca teve foto nem nada? – Diz Helena tentando ser
confiante, mas com uma leve entonação que denuncia sua preocupação.
-
Vamos sentar ali no banco! – Diz Mathew apontando para um banco embaixo de um
poste meio apagado. – Essa história é verdade. Tudo isso aqui a uns, sei la,
duzentos ou trezentos anos era floresta e mato. Naquele tempo, existiam
castelos como aquele da família Saint´Erie. Então, essa história é muito antiga
mesmo. Dizem que nessa floresta havia um cavaleiro, dono de várias terras ao
redor e do castelo. Um dia, em uma noite como essa, um monstro apareceu. Ele dizia
ser um Duque, era um bicho grande - feio e estava muito bravo. – Diz Mathew olhando por sobre os ombros.
-
Você ta me assustando Mathew, para com isso. – Diz Helena abraçando Mathew. Mal
ela sabia que era esse o plano desde o início.
-
É verdade bobinha. No dia que esse
monstro apareceu o cavaleiro teve que intervir, ele estava invadindo suas
terras. – “ Saia dessas terras, você está invadindo meu território”!! Gritou o Cavaleiro.
Mas o monstro continuou a avançar e ele gritou:
-
Essas terras aqui? Essas terras são sujas!! – Diz Mathew rindo: - E o Duque começou a rolar pelo chão e ameaçar o cavaleiro que não teve alternativa a não
ser matar o monstro.
-
Desde então em algumas noites ele aparece por essas matas gritando: “Essa terra
é suja!” – Diz Mathew imitando o que mais parecia um macaco.
Os
dois se divertem com a história, riem e se beijam. É uma boa noite para estarem
juntos.
-
Mas como você sabe dessa história? – Pergunta Helena enquanto afaga os cabelos
de Mathew.
-
Ah, essa história é bem antiga. Foi contada por um, por outro até virar uma
lenda. Tem gente que jura de pé junto ter visto o “Duque da Terra suja”. Minha
tia mesmo não pisa aqui nem se pagarem para ela. Eu só rio dessa história
absur... – Mathew interrompe a narrativa quando ouve o que parece ser um
barulho de algo vindo pela mata.
-
Você ouviu isso? – Pergunta Helena.
-
Não deve ser nada, deve ser um cachorro ou um gato. – Diz Mathew tentando
demonstrar confiança, mas já se levantando do banco com pressa.
-
Vamos embora? Eu senti fome podemos comer pipoca lá na praça – Diz Helena em um
tom que demonstra todo seu nervosismo.
-
Vamos sim, vamos meu bem. – Diz Mathew mais do que apressadamente.
Quando
se levantam e caminham para sair os dois ouvem um urro por tras das árvores que
arrepiaria o mais valente dos bravos. Ambos olham um para o outro e começam a
correr em disparada quando ouvem aquele som que jamais esqueceram em suas
vidas:
-
ESTA TERRA AQUI, É SUJA!!!
Nunca
mais em suas vidas Mathew e Helena jamais pisaram naquele parque. Eles contaram
para seus amigos, familiares, mas apenas uma pessoa acreditou neles: a tia de
Mathew!
Esta é uma série de contos que eu pretendo
continuar baseada em histórias que aconteceram a mais ou menos 17 anos atrás em
nossas mesas de RPG.
Jogávamos naquele tempo Vampiro: the dark ages. O
narrador era meu amigo Marco Túlio e os protagonistas da cena foram meu amigão
Pedro e meu irmão querido Leonardo (vulgo Gnu). A cena foi mais ou menos assim:
Eu estava deitado com a cabeça na
mesa aguardando meu turno, estava bem longe da cena com meu personagem. E
começou o diálogo entre meu irmão e o Pedro. O Personagem do Gnu enfrentou
alguns garous (lobisomens) e estava voltando pela mata quando atravessou as
terras do personagem do Pedro. Ambos Tzimisces o personagem do Pedro interpela
o Gnu:
-
Quem é você? O que faz invadindo minhas terras? – Pergunta o Pedro. Eis que, o
Gnu responde:
-
Que terras o que? Estou invadindo nada não. Essa terra aqui é suja! – Diz o Gnu
indignado.
Nesse momento o Marco Tulio intervém:
-
Gnu seu personagem não consegue falar assim não! – Diz o Marco Tulio com uma
paciência de Jó.
-
Por que não? – Pergunta Gnu.
-
É que ele está em frenesi Gnu.
-
Ah mas eu dou conta de falar isso sim, é só falar isso nervoso uai! – Diz o Gnu
mais indignado ainda.
-
Mas Gnu, além de estar em frenesi você está na forma de ZULU!
Aquilo lá me
despertou como nunca. Imediatamente comecei a gesticular e interpretar como se
fosse o personagem dele e é desnecessário dizer que a sessão acabou ali.
O Pedro matou
o personagem do Gnu e durante muitas vezes ouviam-se na floresta o “Duque da
Terra Suja” gritando que a terra era suja!
Para aqueles familiarizados com o
rpg vampiro sabem o que é a forma de Zulu. Para aqueles que não conhecem é como
se fosse uma forma bestial que o vampiro transforma, geralmente prevendo que
vai entrar em combate. Parece muito com aquela forma animal que o Drácula
transforma no filme: Drácula de Bram Stroker.
Pretendo
continuar com a série de contos, vamos ver o que vai virar.
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