terça-feira, 19 de setembro de 2017

Passeio no parque

                Os dois caminham pelo parque a noite, uma linda noite com uma grande lua cheia. O parque, apesar de ter bastante arvores é bem iluminado a noite, destino favorito de casais a procura de um passeio tranquilo. É verão, o vento sopra leve, em lufadas de ar que convidativas.
                Mathew está com as mãos suadas, é a primeira vez que consegue convencer Helena a caminhar com ele pelo parque a noite. Ela tem medo, mas fica linda a noite com a luz do luar. Completamente apaixonados um pelo outro, não havia melhor hora e lugar para estarem agora.
                - Você sabia que este parque é mal-assombrado? – Pergunta Mathew com os olhos esbugalhados para Helena.
                - Não existe esse tipo de coisa seu bobão! Mas bem que seria legal se existissem fantaaaasmas. – Diz Helena em tom jocoso.
                - É verdade, minha tia já viu! Tem uma história muito antiga sobre um fantasma do velho Conde que o pessoal costuma ouvir por entre as arvores. Dizem que ele é muito feio e zangado, mas inofensivo. – Diz Mathew com uma certeza tão grande que até ele mesmo parece acreditar nessa história.
                - Se existissem fantasmas a gente saberia. Qualquer um anda com celular na mão hoje em dia, como é que nunca teve foto nem nada? – Diz Helena tentando ser confiante, mas com uma leve entonação que denuncia sua preocupação.
                - Vamos sentar ali no banco! – Diz Mathew apontando para um banco embaixo de um poste meio apagado. – Essa história é verdade. Tudo isso aqui a uns, sei la, duzentos ou trezentos anos era floresta e mato. Naquele tempo, existiam castelos como aquele da família Saint´Erie. Então, essa história é muito antiga mesmo. Dizem que nessa floresta havia um cavaleiro, dono de várias terras ao redor e do castelo. Um dia, em uma noite como essa, um monstro apareceu. Ele dizia ser um Duque, era um bicho grande - feio e estava muito bravo.  – Diz Mathew olhando por sobre os ombros.
                - Você ta me assustando Mathew, para com isso. – Diz Helena abraçando Mathew. Mal ela sabia que era esse o plano desde o início.
                - É verdade bobinha.  No dia que esse monstro apareceu o cavaleiro teve que intervir, ele estava invadindo suas terras. – “ Saia dessas terras, você está invadindo meu território”!! Gritou o Cavaleiro. Mas o monstro continuou a avançar e ele gritou:
                - Essas terras aqui? Essas terras são sujas!! – Diz Mathew rindo: - E o Duque começou a rolar pelo chão e ameaçar o cavaleiro que não teve alternativa a não ser matar o monstro.
                - Desde então em algumas noites ele aparece por essas matas gritando: “Essa terra é suja!” – Diz Mathew imitando o que mais parecia um macaco.
                Os dois se divertem com a história, riem e se beijam. É uma boa noite para estarem juntos.
                - Mas como você sabe dessa história? – Pergunta Helena enquanto afaga os cabelos de Mathew.
                - Ah, essa história é bem antiga. Foi contada por um, por outro até virar uma lenda. Tem gente que jura de pé junto ter visto o “Duque da Terra suja”. Minha tia mesmo não pisa aqui nem se pagarem para ela. Eu só rio dessa história absur... – Mathew interrompe a narrativa quando ouve o que parece ser um barulho de algo vindo pela mata.
                - Você ouviu isso? – Pergunta Helena.
                - Não deve ser nada, deve ser um cachorro ou um gato. – Diz Mathew tentando demonstrar confiança, mas já se levantando do banco com pressa.
                - Vamos embora? Eu senti fome podemos comer pipoca lá na praça – Diz Helena em um tom que demonstra todo seu nervosismo.
                - Vamos sim, vamos meu bem. – Diz Mathew mais do que apressadamente.
                Quando se levantam e caminham para sair os dois ouvem um urro por tras das árvores que arrepiaria o mais valente dos bravos. Ambos olham um para o outro e começam a correr em disparada quando ouvem aquele som que jamais esqueceram em suas vidas:
                - ESTA TERRA AQUI, É SUJA!!!
                Nunca mais em suas vidas Mathew e Helena jamais pisaram naquele parque. Eles contaram para seus amigos, familiares, mas apenas uma pessoa acreditou neles: a tia de Mathew!


Esta é uma série de contos que eu pretendo continuar baseada em histórias que aconteceram a mais ou menos 17 anos atrás em nossas mesas de RPG. 
Jogávamos naquele tempo Vampiro: the dark ages. O narrador era meu amigo Marco Túlio e os protagonistas da cena foram meu amigão Pedro e meu irmão querido Leonardo (vulgo Gnu). A cena foi mais ou menos assim:
Eu estava deitado com a cabeça na mesa aguardando meu turno, estava bem longe da cena com meu personagem. E começou o diálogo entre meu irmão e o Pedro. O Personagem do Gnu enfrentou alguns garous (lobisomens) e estava voltando pela mata quando atravessou as terras do personagem do Pedro. Ambos Tzimisces o personagem do Pedro interpela o Gnu:
                - Quem é você? O que faz invadindo minhas terras? – Pergunta o Pedro. Eis que, o Gnu responde:
                - Que terras o que? Estou invadindo nada não. Essa terra aqui é suja! – Diz o Gnu indignado.
Nesse momento o Marco Tulio intervém:
                - Gnu seu personagem não consegue falar assim não! – Diz o Marco Tulio com uma paciência de Jó.
                - Por que não? – Pergunta Gnu.
                - É que ele está em frenesi Gnu.
                - Ah mas eu dou conta de falar isso sim, é só falar isso nervoso uai! – Diz o Gnu mais indignado ainda.
                - Mas Gnu, além de estar em frenesi você está na forma de ZULU!
Aquilo lá me despertou como nunca. Imediatamente comecei a gesticular e interpretar como se fosse o personagem dele e é desnecessário dizer que a sessão acabou ali.
O Pedro matou o personagem do Gnu e durante muitas vezes ouviam-se na floresta o “Duque da Terra Suja” gritando que a terra era suja!
Para aqueles familiarizados com o rpg vampiro sabem o que é a forma de Zulu. Para aqueles que não conhecem é como se fosse uma forma bestial que o vampiro transforma, geralmente prevendo que vai entrar em combate. Parece muito com aquela forma animal que o Drácula transforma no filme: Drácula de Bram Stroker.
                Pretendo continuar com a série de contos, vamos ver o que vai virar.


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